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Foto do escritorJosé Alexandre F. Diniz F

Pesquisador(a): ser ou não ser, eis a questão...

Uma vez que entendemos os aspectos mais gerais sobre como funciona a Ciência, e os conceitos epistemológicos mais conhecidos envolvidos aí, podemos passar para a “prática” científica, que envolve por sua vez uma série de outros aspectos, especialmente no contexto da Universidade. Vamos explorar vários desses aspectos nas próximas postagens, mas quero começar voltando à ideia do tripé ensino-pesquisa-extensão e pensando sobre “quem faz pesquisa” na Universidade?


Quero começar por esse ponto porque, quando falamos de pesquisadores, especialmente no Brasil, estamos falando também em professores das Universidades, como já mencionei várias vezes em postagens anteriores. Isso porque, apesar de haver pesquisa em outras instituições, de modo geral podemos dizer que a grande maioria da pesquisa científica no país é feita nas Universidades públicas. Além disso, todo o papel dos docentes universitários tem sido fortemente questionado pelo Ministro da Educação (um exemplo recente no final da postagem...), de modo que é preciso que a sociedade entenda realmente todas essas questões ligadas à atividade e formação dos pesquisadores e cientistas no Brasil.


Como já mencionei anteriormente, identificar efetivamente quem são os docentes que são também pesquisadores nas Universidades é importante por diversas razões, tanto em termos de avanço científico no país quanto em termos de pensar a carreira no magistério superior. Mas nem todos os docentes das Universidades são pesquisadores, e alguns podem ter maior dedicação à extensão, à administração e às atividades de ensino. Pela discussão que fizemos anteriormente sobre a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, essa situação não é a ideal, em qualquer direção, mas na prática ela existe por diversas razões (e, de forma otimista, acho que o “problema” de um docente não desenvolver minimamente atividades de pesquisa e extensão, além do ensino, me parece estar diminuindo à medida que o nosso sistema amadurece e que jovens doutores ingressam na carreira – ver abaixo). O gestor de um Universidade pode querer identificar os pesquisadores para estabelecer programas de apoio à pesquisa ou para definir prioridades na concessão de bolsas ou de recursos, ou se houver interesse em apoiar a criação de novos programas de pós-graduação. A Universidade pode querer valorizar a pesquisa de maior qualidade nos processos de progressão na carreira ou na alocação de novas vagas para institutos ou departamentos e fortalecer grupos de pesquisa (ou, ao contrário, tentar criar grupos novos em áreas consideradas estratégicas, preenchendo lacunas institucionais).


Assim, nesse contexto de identificação de pesquisadores, no fundo a questão se resume a uma avaliação da atividade científica desenvolvida na Universidade, justificada no contexto da importância da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Entretanto, há várias dificuldades aí, começando pelas definições usuais de “mérito”, “impacto” ou “qualidade”. Nesse contexto, identificar quais são os docentes que estão efetivamente envolvidos em atividades de pesquisa que atendam a certos requisitos definidos “a priori” não é uma tarefa fácil, tanto pelas questões da própria carreira e das atividades dos docentes no contexto da instituição quanto pelas diferenças entre as áreas do conhecimento. Mas acho que existem alguns indicadores gerais que podem nos ajudar nesse sentido.


Em primeiro lugar, voltando à indissociabilidade do ensino-pesquisa-extensão, temos a concepção mais ampla de que ciência e pesquisa nas Universidades está fortemente ligada à formação de estudantes. Por exemplo, sabemos que a atividade de pesquisa no Brasil está muito ligada à formação no nível de pós-graduação, então se um docente não está orientando alunos de pós-graduação e não está “credenciado” em nenhum programa de mestrado ou doutorado, pode-se questionar se ele ou ela está envolvido realmente em atividades de pesquisa. Claro, é possível que não haja em sua instituição um programa de pós-graduação em sua área (embora seja comum no Brasil que o pesquisador se credencie para atuar de forma voluntária em programas de outras instituições, apesar de algumas dificuldades logísticas e funcionais). Nesse sentido, temos de qualquer modo a possibilidade de orientação em pesquisa na graduação, especialmente no contexto do programa PIBIC do CNPq, que já discutimos anteriormente. Então, talvez esse seja um primeiro indicador, ou seja, um docente pode ser caracterizado como um pesquisador se está orientando formalmente estudantes na pós-graduação (preferencialmente) ou pelo menos na Iniciação Científica.


Em termos mais explícitos, acho importante destacar a seguir que há muitos anos o CNPq mantém um programa de “bolsas de produtividade em pesquisa”, cuja ideia é avaliar periodicamente os pesquisadores do Brasil (tanto aqueles que são docentes nas Universidades ou em outros centros e instituições de pesquisa). Anualmente o CNPq abre um edital para submissão de propostas e os pesquisadores enviam seus projetos para avaliação. Os comitês do CNPq vão avaliar os projetos e os currículos dos pesquisadores e concedem as bolsas, cujo número total certamente depende do recurso financeiro disponível. Esses pesquisadores recebem então uma bolsa, como um auxilio ou incentivo financeiro, cujos valores variam entre R$ 1000,00 e 1500,00 reais mensais atualmente (a chamada “bolsa PQ”), e que são concedidas por períodos entre 3 e 5 anos, dependendo do nível. Esses valores dependem do nível acadêmico do pesquisador, e a classificação atual do CNPq possui dois níveis, sendo o nível 2 para pesquisadores em fase inicial da carreira e nível 1 para pesquisadores já consolidados. No nível 1 existem extratos de nível crescente denominados 1D, 1C, 1B e 1A (sendo este último o nível mais alto). Neste nível 1, além da bolsa, o pesquisador recebe também um auxílio financeiro mensal, similar ao valor da bolsa, para auxiliar em despesas mais rotineiras, como viagens para congressos, livros, equipamentos menores, etc (chamados de “grants” pelo CNPq). As bolsas são um complemento salarial, mas esse “grant” deve ser usado nas atividades de pesquisa e o pesquisador deve, ao final do projeto, fazer uma prestação de contas e dizer como esse recurso foi gasto. Sem dúvida essas bolsas de produtividade são um incentivo para que os docentes se envolvam com pesquisa, apesar da alta competitividade, e também auxiliam na rotina da atividade de pesquisa no caso dos PQs nível 1. Mas mais importante (ou tão importante quanto...) do que o valor financeiro, essas bolsas terminam gerando uma “chancela” de reconhecimento do pesquisador dentro da academia, ao mesmo tempo em que possibilitam acesso a níveis mais elevados de financiamento em algumas agências.


As bolsas de produtividade em pesquisa são um excelente indicador sobre quem são os pesquisadores em uma instituição, mas há alguns problemas aí também. Em primeiro lugar, o número de bolsas é relativamente reduzido e talvez usar a concessão da bolsa como um critério único não seja sempre possível. Por exemplo, na UFG cerca de 6% dos docentes são bolsistas de produtividade do CNPq, mas em outras Universidades maiores onde a atividade de pesquisa é mais consolidada, como a UFRJ, UFMG e UFRGS, esse número pode chegar a 20%-25%. Faz sentido, então esse número poderia ser um indicador da magnitude da pesquisa na instituição como um todo, ou de atuação científica do corpo docente em avaliações da CAPES dos programas de pós-graduação. Mas não podemos esquecer que há um problema “histórico” no número de bolsas concedidas ao longo do tempo e sua disponibilidade em diferentes áreas de avaliação do CNPq ao longo do tempo. Ou seja, especialmente considerando as restrições atuais de orçamento do CNPq e o desmonte do sistema de C&T no Brasil, pode ser bem mais difícil para instituições ou grupos recentes aumentar a proporção de bolsistas PQ pelo reconhecimento de jovens pesquisadores, como havia no passado recente.


É possível pensar que vários pesquisadores, embora não sejam “formalmente” agraciados ou reconhecidos por meio de uma bolsa PQ do CNPq, estejam desenvolvendo projetos de pesquisa financiados por diversas agências ou instituições, tanto públicas como privadas. Os docentes das Universidades podem tentar conseguir financiamento para seus projetos nessas agências e isso pode ser considerado, no geral, como uma avaliação de mérito ou qualidade. Isso abre também uma discussão interessante sobre a questão dos recursos para pesquisa no Brasil, mas que vamos fazer posteriormente...Claro, não podemos esquecer que existem áreas do conhecimento em que as oportunidades de financiamento são limitadas ou nas quais não há grandes necessidades de recursos financeiros para custeio ou equipamentos (áreas mais básicas ou teóricas), e nesses casos a coordenação de projetos financiados não seria também um bom indicador de desenvolvimento de pesquisa.


Enfim, pelo menos de modo preliminar, poderíamos identificar os pesquisadores nas Universidades por uma combinação de todos os indicadores discutidos acima, talvez pensando de modo hierárquico, como por exemplo:


- Participação em programas de pós-graduação;


- Orientação de estudantes de iniciação científica pelo PIBIC ou similares;


- Bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq;


- Docentes com projetos de pesquisa financiados.


Certamente esses critérios não são “independentes” e é bem provável que os pesquisadores com uma carreira mais consolidada atendam integralmente a todos eles. Esses indicadores apontados acima podem nos ajudar a estabelecer quem são os pesquisadores, mas talvez haja uma maneira mais direta e efetiva de avaliar quem são os pesquisadores, pensando na própria ideia que discutimos anteriormente sobre como funciona a ciência.

Se queremos saber quem são os pesquisadores, porque não avaliamos diretamente os produtos gerados nos projetos de pesquisa, ou seja, a produção científica do grupo ou da Instituição? Embora haja alguma dificuldade em relação a isso por causa das diferenças entre o que definimos como produção científica nas diferentes áreas do conhecimento, tentamos há alguns anos fazer uma avaliação geral da produção científica na UFG. Vamos discutir com mais calma o que significa produção científica, mas na postagem do meu colega Luis Mauricio Bini já temos algumas indicações importantes sobre como esse processo se desenrola. O objetivo, de fato, não foi estabelecer “quem são os pesquisadores”, mas sim tentar entender quais fatores explicariam a variação na produção científica dos docentes e terminamos por publicar o trabalho no Journal of Informetrics, em 2016.


Nós analisamos a produção científica dos docentes da UFG a partir dos dados disponíveis na Plataforma Lattes do CNPq, que é uma excelente fonte de informação sobre o que os próprios pesquisadores definem como importante. A plataforma Lattes teve um papel importantíssimo no sentido de tornar transparente a atividade dos pesquisadores e disponibilizar as informações sobre sua atividade de pesquisa. Claro que é preciso entender o que significam as informações disponibilizadas lá para poder analisar, mas isso é outra estória...


A partir do Lattes de quase 1500 docentes com Doutorado na UFG (cerca de 65% do total à época), nós calculamos várias métricas para descrever a produção científica no período 2013-2015. Nós podemos ainda ponderar a “qualidade” de cada artigo publicado utilizando o sistema de referência QUALIS da CAPES, que vamos discutir com mais calma posteriormente (mas por enquanto basta entender que os vários comitês da CAPES estabelecem uma classificação para os periódicos científicos, com base em diversos critérios, sendo que A1 é o mais elevado e B4 é o mais baixo...). Há muitos detalhes em todos os cálculos e análises que utilizamos no artigo que publicamos, mas creio que o importante, nesse momento, seja dizer que, para fins de discussão a seguir, vamos tentar entender porque o número de artigos publicados pelos docentes, ponderado por sua qualidade do periódico onde o artigo foi publicado, varia em função de uma série de atividades desenvolvidas pelos docentes. Essas características foram extraídas, no mesmo período, dos currículos lattes e dos relatórios das suas atividades docentes na UFG.

Em termos de descrição do padrão geral de produção científica, temos que em média os doutores da UFG produziram no geral algo próximo de 1 artigo “A1-equivalente” nos três anos, com uma distribuição muito assimétrica, com muitos docentes com uma produção menor e poucos docentes com produções mais elevadas, como vemos na figura abaixo. Esse padrão geral é bastante comum, e inclusive pode ser descrito formalmente pelo que chamamos de “Lei de Lotka”. No caso da UFG, cerca de 30% dos docentes não publicaram artigos no período, mas esse número de reduz para apenas 12% dos docentes se consideramos, além de artigos, livros e capítulos (que são um veículo mais utilizado nas áreas de humanidades, por exemplo). Por outro lado, cerca de 36% dos docentes publicaram mais do que 1 “A1-equivalente” por ano, e 30% deles publicaram mais de um artigo por ano nas melhores revistas da sua área de avaliação (nível A1), pela classificação da CAPES.


A produção científica nessa figura está expressa como "A1-equivalente", um indice definido a partir do QUALIS da CAPES em 2015. A ideia é ponderar o número de publicações pela sua "qualidade" no sistema da CAPES, utilizando um conjunto de pesos que podem ser atribuídos para cada uma das categorias (A1, A2, B1, B2, B3, B4 e B5). Por exemplo, um artigo publicado em um periódico B1 equivale a 70% de um artigo A1, em termos do peso, de modo que se um docente publicou 2 artigos A1 e 1 artigo B1, seu indice "A1-equivalente" é igual a 2,7 (veja Diniz-Filho et al. J. Informetrics 10: 151-161, 2016, para mais detalhes). Vejam que o sistema QUALIS da CAPES foi alterado recentemente.

É difícil interpretar a distribuição acima em termos “absolutos”, no sentido de dizer se essa produção é elevada ou pequena, por várias razões. Em geral, essas avaliações "cienciométricas" têm que ser pensadas em um contexto comparativo, entre Universidades diferentes, e mesmo assim ainda é importante levar em consideração as áreas do conhecimento (por exemplo, o número considerado “muito bom” em termos de produção científica nos diferentes comitês do CNPq é muito variável). Existem vários ranks nacionais e internacionais que avaliam a produção científica nesse contexto (vejam por exemplo, um ranking das Universidades pelo World University Rank e uma análise recente pela Clarivate Analytics - mas há muitos outros).


Mas o objetivo do nosso artigo no Journal of Informetrics não era fazer uma avaliação absoluta (nem comparativa entre instituições ou áreas, nesse sentido), mas sim tentar entender a "razão" da variação dos números entre os docentes. Em primeiro lugar, conseguimos explicar em torno de 50% da variação na figura acima, o que mostra que existe muita variação individual, idiossincrática, que não pode ser entendida por essas características. Na Tabela a seguir estão os coeficientes que indicam a importância de uma série de características de cada docente, em termos de suas atividades de ensino na graduação e pós-graduação, orientação de alunos em diferentes níveis, pesquisa e extensão, idade, ingresso na UFG e sexo para explicar a sua produção científica. O sinal negativo indica que à medida que a característica aumenta a produção diminui, isso descontando o efeito de todas as outras características (tecnicamente dizemos que esses são os “coeficientes parciais”, e indicariam algo como o efeito “liquido” e único de cada uma dessas variáveis).


Os coeficientes nesta Tabela foram obtidos por meio de uma regressão linear múltipla (OLS), com a variável resposta (A1-equivalente) em escala logaritmica (veja Diniz-Filho et al. J. Informetrics 10: 151-161, 2016, para mais detalhes).

Por exemplo, vejam que à medida que o efeito do número de aulas na graduação é negativo, ou seja, os docentes com mais produção tendem a dar menos aulas. Entretanto, o oposto acontece para aulas de pós-graduação, já que os docentes mais produtivos também ministram aulas nos mestrados e doutorados (esses dois efeitos tendem a ser anular, de modo que no geral não há relação entre produção científica e carga didática). O efeito da orientação também é sempre positivo. As horas declaradas de atividades de pesquisa e extensão é algo particular da UFG (era, de fato), mas é interessante que apenas as horas em projetos de pesquisa financiados possui um efeito (positivo) na produção. Importante também, não há diferença na produção científica entre homens e mulheres na UFG (e, além disso, a proporção sexual de Doutores na Instituição é também bem próxima a 1; - 53% de homens e 47% de mulheres)


O efeito das datas (ano de titulação e ano de ingresso na UFG) possuem efeitos interessantes...Por outro lado, docentes que concluíram o Doutorado há mais tempo (valor do ano menor) possuem maior produção científica mas, ao mesmo tempo, doutores que ingressam na instituição há menos tempo (valor do ano maior) possuem maior produção científica. Em resumo, alguns docentes titulados há mais tempo são mais produtivos, juntamente com alguns jovens doutores que ingressaram na instituição mais recentemente (na realidade, cerca de 50% dos doutores em nossa análise ingressaram na UFG após o programa de expansão das Universidades Federais implementado pelo Governo Federal em 2008-2009, o REUNI).


Mas a essa altura acho que vocês já perceberam que o maior coeficiente positivo na Tabela refere-se à produção científica antes do Doutorado. Ou seja, a variável que melhor “explica” a produção de um docente é quantos artigos ele ou ela tinha ANTES de finalizar seu doutorado (calculamos isso pelo próprio Lattes, a partir do ano de sua defesa de tese e contando as publicações anteriores a essa data). Ou seja, descontando todos os outros efeitos discutidos acima, os docentes que se formaram em bons grupos de pesquisa, que já estavam publicando seus trabalhos antes ou durante o doutorado e colaborando com seus orientadores durante o seu doutorado, continuaram a ser produtivos depois que ingressaram na carreira docente. Acho que isso é uma excelente demonstração empírica da forte integração entre ensino superior e pesquisa científica no Brasil, da qual falamos tanto!


Um ponto importante em qualquer uma dessas avaliações “métricas”, que precisamos discutir com mais calma em outro momento, refere-se à questão do que é uma produção científica “adequada” ou “relevante”, ou melhor, qual a produção científica esperada de um “bom” pesquisador? Ou seja, quantos artigos ou trabalhos um bom pesquisador deve publicar? Em que periódicos? Ele deve ser o autor principal ou devemos de alguma forma balancear efeitos de grupo? Mas esses números podem ser usados para mostrar um destaque em termos de pesquisa e de produção do conhecimento científico em um contexto mais amplo, ou simplesmente para pensar em termos “funcionais”, ou seja, será que a produção de um docente ou pesquisador justifica o salário que está sendo pago a ele?


Em geral chega-se a certos consensos sobre esses números, dentro das áreas do conhecimento e pensando de forma pragmática nas avaliações do CNPq e da CAPES, por exemplo. Mas não podemos perder de vista que isso são convenções da própria comunidade científica, pensando nos seus valores e objetivos em um dado momento, e não é algo “real”. Como já coloquei, no nosso artigo sobre a produção científica na UFG, estávamos mais interessados em entender a variação entre os pesquisadores, e os fatores que poderiam explicar essa variação, do que uma expectativa de adequação e sua interpretação “absoluta”. As vamos discutir melhor isso em outros momentos, claro...


Finalmente, ainda no contexto de “quem são os pesquisadores”, de modo mais geral, é importante chamar atenção que existem no Brasil algumas oportunidades para uma carreira de pesquisador fora da Universidade, como por exemplo em vários institutos de pesquisa principalmente do Governo Federal, como por exemplo o INPE, INPA, IMPA, e alguns Museus como o Emilio Goeldi (estes ligados ao Ministério de Ciência & Tecnologia) ou o Museu Nacional (que é hoje um órgão da UFRJ) (veja uma nota histórica interessante publicada recentemente pela Academia Brasileira de Ciências). O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ligado ao MMA, é outra possibilidade na nossa área de ecologia e biodiversidade... Em alguns desses órgãos, os pesquisadores devem desenvolver seus projetos e, além disso, devem fornecer evidências para auxiliar na tomada de decisão em ações governamentais, por exemplo. Um outro caso bem importante e bem-sucedido no Brasil é a Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA), que possui diversos centros especializados distribuídos por todo o Brasil (não só com uma boa atuação em pesquisa em diversas áreas da agricultura, em muitos casos em associação com as Universidades e seus programas de pós-graduação, mas também um grande esforço de extensão e transferência de tecnologia associado a essas pesquisas). Existem algumas agências estaduais de pesquisa agropecuária ou similares, como a EMATER em Goiás, ou ainda o Instituto Florestal em São Paulo. Na área de Ecologia e Meio Ambiente, por exemplo, há algumas ONGs que oferecem alguma oportunidade de pesquisa (aplicada), mas há também um grande componente de intervenção e ação nesses casos.




Capa e PS: Recentemente nosso Ministro da Educação, Abraham Weintraub, declarou que a economia nos gastos das Universidades Federais não deve vir das mensalidades, mas sim dos salários dos docentes. "...Eu tenho que ir atrás de onde está a zebra mais gorda: a federal, onde está o professor com dedicação exclusiva e dá só 8 horas de aula por semana e ganha de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês", disse ele. Não sei de onde ele tirou essa ideia de "zebra gorda", mas considerando especialmente o coeficiente do ano de ingresso nas Universidades que mostrei na Tabela acima, certamente é um comentário infeliz e injusto...Já discuti esse aspecto em um vídeo que publiquei há alguns meses atrás, mas espero que com essas próximas postagem ajudem a entender melhor como funciona o sistema de pesquisa nas Universidades e no Brasil...


De qualquer modo, acho que na melhor das hipóteses seriamos zebras magras, e poucas... No final, o Brasil tem muito poucos pesquisadores, comparado com o resto do mundo (700 pesquisadores por milhão de habitantes, mais de 4 vezes menos do que os EUA!). Precisamos entender melhor esse fator e suas consequências para o desenvolvimento do País.






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