Maria Clorinda Soares Fioravanti
Diretora da Escola de Veterinária e Zootecnia,
Ex Pró-reitora de Pesquisa & Inovação da Universidade Federal de Goiás,
Pesquisadora nível 1D do CNPq
Países capazes de produzir conhecimento científico e tecnológico são os que detêm os melhores índices de desenvolvimento econômico e, por conseguinte, são aqueles onde os cidadãos conseguem desenvolver plenamente seu potencial como seres humanos. Para confirmar a veracidade dessa premissa basta sobrepor os mapas-múndi com a indicação dos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o mapa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Países como os EUA que muito cedo compreenderam essa lógica e estabeleceram políticas de estado que possibilitaram o seu desenvolvimento econômico e social, alicerçado na tríade: Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Essa visão é também compartilhada por economistas como Jeffrey Sachs, que propõe uma divisão do mundo não mais baseada em ideologia política, mas sim no grau de desenvolvimento científico e tecnológico: países tecnologicamente inovadores dotados de soberania econômica e justiça social, países adaptadores de tecnologia e os tecnologicamente excluídos. A premissa segue presente na resposta dos países desenvolvidos diante da crise, momento em que aumentam os investimentos em CT&I, exatamente ao contrário do que tem acontecido no Brasil, onde os dispêndios em 2019 foram inferiores aos de 2005.
A ciência não é um processo que surge de forma abrupta e rápida, pois para que um país seja capaz de produzir CT&I com qualidade e quantidade é indispensável à existência simultânea de três condições:
1. Investimento permanente;
2. Infraestrutura adequada, e;
3. Constante capacitação das pessoas.
Portanto devem existir políticas de estado sólidas e perenes para a educação, ciência e tecnologia. Vejam bem, estamos falando de POLÍTICAS DE ESTADO e não POLÍTICAS DE GOVERNO, essas últimas sendo efêmeras, inócuas, economicamente caras e improdutivas, pois objetivam resultados em curto prazo.
Finalizo lembrando que nenhuma política para CT&I terá sucesso sem a base concreta da EDUCAÇÃO. Essa relação direta entre o investimento expressivo e contínuo em educação como semente e o desenvolvimento econômico e tecnológico como fruto foi claramente mostrada pela Coréia do Sul, que investe mais de 7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em educação. A construção da POLÍTICA DE ESTADO DO BRASIL PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, é a única esperança para que o nosso país alcance seu pleno desenvolvimento econômico e social.
PS: Publicado originalmente no Jornal "O Popular" em 07 de outubro de 2019
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